sexta-feira, 28 de maio de 2010

Disco Em Progresso

Olá queridos, e futuros, e desconhecidos, e solitários, e inexistentes leitores. Apropriei-me da proposta genial do gênio Caetano Veloso para registrar aqui, no blog, cada passo da construção do meu disco que já (e só) tem nome e algumas músicas que vão ditar o processo de escolha, produção e os arranjos das faixas que vão compor o restante do álbum.

Como disse nos últimos posts, o disco apresentará algumas faixas completamente inéditas – como a que lhe dá nome, Disco Arranhado – e terá algumas músicas de meu antigo projeto, De Volta Ao Ruído, que vocês podem conferir nos canais de rede.

Comecei a produção do disco nesta semana. O interessante foi o reencontro com o estúdio em si, enquanto espaço físico. Há muito tempo não entrava em um estúdio de gravação.

Luiz Enrique será o produtor do disco. É um talentosíssimo músico, arranjador e produtor. Logo na primeira conversa que tivemos, discutimos sobre o futuro da música e a confusão que tem sido feita quanto à sua verdadeira função: “Seria a música arte ou entretenimento?”.

Luiz é um homem que vive a arte em sua essência da maneira mais profunda, e quanto a isso se posiciona de maneira incisiva – “a música foi, é e apenas será arte. Aquilo que é feito sem propósito não assume outra função, como entreter, por exemplo. A arte entretém por si só. E só”. Eu, por vez, acredito que a música possa atingir os dois objetivos de modo separados.

Essa é uma discussão que vai além de conceitos rasos e inseguros de um jovem como eu, mas o complicado em pensar a respeito do papel da música é enxergar que a mídia, bem como os jovens, parecem estar abandonando o caráter artístico das produções musicais e de outros âmbitos culturais.

É engraçado ver como as pessoas não estão mais dispostas a pensar! São nobres, porém cada vez mais raras, as exceções.

Vi nessa semana o programa de Debates que o Lobão tem na MTV cujo tema era “Rock Geração Colorida x Rock Geração Protesto” onde foram convidadas duas bandas – uma de heavy metal e uma banda do rock chamado “colorido” dos dias atuais. Quase fui tomado pelo desespero (sem nenhum exagero) quando vi um dos garotos coloridos dizendo que não havia pelo que protestar, não havia razão para se negar ou se questionar absolutamente nada.

Agora, com todo respeito à opinião do nosso coleguinha multicores, em que planeta será que ele vive? Será que ele realmente acredita que não há nada de errado no mundo? Será que foi com verdade que ele defendeu a idéia de que estaria tudo certo?

Torço com muita sinceridade para que ele não tenha que descobrir com a própria experiência que as coisas não estão tão legais assim.

Acho bacana quem se posiciona de modo a defender toda a forma de expressão, que tudo hoje em dia tem seu espaço e seu público, mas cá pra nós! Tudo tem limite! Espero que as coisas mudem...

Até lá, continuarei a produção do meu disco com Luiz e espero que gostem do processo, do progresso e da conclusão. Fizemos a pré-produção de três faixas até agora. A primeira a ser gravada será “Disco Arranhado”. Vou lançar todas as novidades por aqui. E você, futuro leitor-do-futuro, espero que reflita sobre T.U.D.O. que diz respeito a seu tempo, espaço e a você. Sua vida com certeza não é tão colorida. Seus amores nunca foram tão sólidos. Sua família nunca será igual àquela do comercial na TV. Seus amigos não são tão sorridentes. E você não deve ser tão feliz...

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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Show na Casa dos Estudantes (PUC Minas)


Olá, galera! Estive com saudades de escrever os textos para o blog. Mas estive também sem tempo. De toda forma, é com grande alegria que volto a registrar aqui todas as novidades e minhas impressões a respeito das novidades. A partir de então escreverei todos os textos relatando, por meio deste canal, cada passo da construção do meu “Disco Arranhado”.
No último sábado, dia 15, fiz uma apresentação na Casa do Estudante – PUC Minas, uma casa de shows muito interessante, ainda não a conhecia. O show foi realizado para os calouros do curso de administração e usamos o formato acústico para realiza-lo. Com duração de aproximadamente duas horas, contei com a participação de Tony Gamaliel, guitarrista que me acompanha desde os tempos da minha primeira banda, Martini Seco. Fizemos uso de dois violões e escolhemos um repertório que se adequasse à proposta daquela apresentação.
O show intercalou instantes de entusiasmo e momentos em que a interação com o público quase não existia. As músicas escolhidas para compor o repertório cover não eram conhecidas por grande parte da platéia, o que impossibilitava, tanto por parte do público quanto por minha parte, um contato mais caloroso.
No meio da apresentação, resolvi improvisar algumas músicas para chamar um pouco a atenção da parte do público que parecia nunca ter ouvido o que eu estava tocando e me deparei com uma situação assustadora: ao tocar “Será” do Legião Urbana, com medo até de estar apelando para uma música, digamos, “batida”, “massacrada”, percebi que aquela boa parte que não conhecia o que tocava antes, continuava não conhecendo aquilo que improvisei no repertório. Fiquei impressionado e ao mesmo tempo um pouco desapontado ao saber que músicas tão interessantes e que tanto tem a dizer estão caindo no esquecimento da juventude.
Daquele momento em diante resolvi seguir com a apresentação, juntamente com Gamaliel, sem me preocupar em interagir muito – pois ficou claro que pra que isso acontecesse de fato, seria preciso tocar “Rebolation”. Algumas pessoas continuavam a me ouvir e isso me bastava. Toquei algumas músicas próprias, dentre elas “O Sonho”, que agradou aos poucos que me ouviam. No repertório cover figuravam Legião Urbana, Barão Vermelho, Cazuza, Raul Seixas, Oasis, Beatles, Rolling Stones, entre outros grandes nomes da música brasileira e internacional. No final, a interação aumentou bastante e a galera parece ter ficado satisfeita. E eu também.
Ao conversar com um amigo sobre os embaraços na apresentação, ouvi dele algo que me tocou fria e violentamente, e me fez pensar todos os caminhos do meu projeto. Nas décadas de 60, 70, a galera alienada, que não queria saber de nada nem de ninguém ouvia Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, João Bosco, Elis Regina, entre outros grandes artistas. Nos anos 80, os mesmos alienados sociais consumiam o rock brasuca que contava com bandas como Titãs, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Barão Vermelho, Ira!, Plebe Rude.
E nós? O que nossa década tem priorizado e colocado como sucesso? O que nós temos a dizer a respeito da sociedade em que vivemos? O que queremos ouvir? Será só de amores e paixões infanto-juvenis que a vida moderna é composta? Não temos outros problemas? Nada mais com que preocupar?
Sei que a questão vai muito além do consumo cultural e do favorecimento da mídia a alguns movimentos efêmeros, porém, esses questionamentos colocam no foco da questão os reflexos de uma situação caótica que só tende a piorar.
Quanto ao meu projeto, vou seguir o conselho de meu sogro: serei egoísta e vou fazer de conta que estou compondo, gravando e cantando só pra mim. Até que alguém apareça e cante comigo.
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